Projeto determinava a distribuição do medicamento de forma gratuita e foi vetado por gerar despesa
O deputado estadual Dr. João (MDB) abandonou o plenário durante a sessão matutina desta quarta-feira (15) após a Assembleia Legislativa manter o veto do Governo do Estado ao projeto que obriga o Sistema Único de Saúde a fornecer medicamentos à base de substância ativa canabidiol.
Ele classificou a decisão como “absurda”. A matéria foi vetada por vício de iniciativa, uma vez que o Legislativo não pode criar despesas ao Executivo.
“Isso é um absurdo. Hoje, estou com vergonha de ser deputado. Isso é falta de sentimento, é jogar o povo no lixo. É muito feio isso, é revoltante. Vou ficar aqui para votar o quê? Estou triste, chateado”, disse.
O deputado, que é presidente da Comissão de Saúde na Assembleia Legislativa, deixou o local revoltado após “parabenizar” os nove colegas parlamentares que votaram contra o projeto.
“Eu queria parabenizar, de coração, esses nove deputados que votaram contra a medicina, contra a saúde, contra o povo de Mato Grosso. Que absurdo!”.
Parece que ninguém nunca viu uma criança pequena, recém-nascida, ter crise convulsiva por 15 minutos, 20 minutos
“Senhor presidente, vou abandonar a sessão, porque estou com vergonha de ser deputado estadual”, disparou.
O canabidiol, também conhecido pela sigla CBD, é extraído da planta da maconha na forma de um óleo, porém não tem efeito psicoativo. Segundo o projeto, o medicamento seria distribuído gratuitamente aos pacientes atestados com condições médicas debilitantes.
O emedebista salientou que as pessoas que têm condições financeiras já importam o remédio e que a ideia do projeto era ajudar o paciente do sistema público.
Para o deputado, a atitude do Parlamento foi de incoerência, uma vez que o projeto foi aprovado pela Casa com o apoio de 18 deputados, antes do veto do Paiaguás.
“Eu não sei se é preconceito, tabu. Agora, quem sente isso é porque nunca teve na sua família ou um amigo próximo [que precise dessa ajuda]”, disse.
Não sei para que estamos nesse Parlamento. Tem uma Comissão de Saúde para quê? Para nada
“Nunca vi uma coisa tão louca, tão absurda. Algo provado cientificamente. Aprovamos, foi vetado. Tantas doenças crônicas e neurológicas [que podem ser tratadas]. Parece que ninguém nunca viu uma criança pequena, recém-nascida, ter crise convulsiva por 15 minutos, 20 minutos. Isso é tratado no mundo inteiro”, pontuou.
Dr. João ainda lamentou que a Assembleia conte com quatro médicos e um gestor de Saúde no Parlamento e que a opinião deles não foi levada em conta sobre o tema, como orientação na hora do voto, e desafiou aqueles que votaram contrários a assumirem a sua postura diante do tema.
“Não sei para que estamos nesse Parlamento. Tem uma Comissão de Saúde para quê? Para nada”, criticou.
“Fica ali e finge que vai telefonar, ir ao banheiro, disfarça aqui e disfarça lá. Tem que assumir. Sobe lá e fala que é contra”, afirmou, antes de deixar a Casa de Leis.
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