Governador Mauro Mendes autoriza edital de chamamento público para concessão de ferrovia para Cuiabá e Lucas do Rio Verde
Um trem para Cuiabá, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde. Esse, o anúncio feito nesta segunda-feira (19), pelo governador democrata Mauro Mendes, num evento no Palácio Paiaguás, onde autorizou a publicação no Diário Oficial de um chamamento público para a outorga da construção de uma ferrovia estadual com 730 quilômetros e que exigirá investimento estimado de R$ 12 bilhões pela equipe econômica do governo.
A ferrovia terá como ponto mais ao Sul o terminal ferroviário de embarque de grãos da Rumo Logística, em Rondonópolis, e mais ao Norte, em Lucas do Rio Verde, com uma bifurcação na região da Serra de São Vicente, no limite dos municípios de Campo Verde e Santo Antônio de Leverger, para Cuiabá. No trajeto serão construídos 68 pontes e viadutos e dois quilômetros de túneis. Para viabilizar a obra a Assembleia Legislativa aprovou a política ferroviária estadual, e o Ibama delegou competência ao Estado para responder pelo licenciamento ambiental. Mauro Mendes destacou a importância dessa delegação, e creditou sua rápida permissão ao trabalho desenvolvido pelos senadores Jayme Campos (DEM), Wellington Fagundes (PL) e Carlos Fávaro (PSD), que se faziam presentes ao evento.
O governador destacou que o grupo vencedor terá que construir todo o trecho, não podendo fazê-lo em parte e lembrou que o trem fará de Cuiabá um centro distribuidor de produtos industrializados para Mato Grosso e estados vizinhos. O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, respondendo jornalistas sobre o local na região metropolitana onde será construído o terminal de cargas da ferrovia disse que a decisão não será política, que tanto pode ser em Cuiabá quanto em Várzea Grande, “porque o importante é contemplar a Baixada Cuiabana”.
O chamamento permite a participação de empresas e grupos do exterior; estabelece que as obras terão que começar em até seis meses após a concessão do licenciamento ambiental pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), que o trem terá que apitar em Cuiabá no segundo semestre de 2025, e que a ferrovia terá que ser concluída no segundo semestre de 2028.
O grupo interessado que apresentar a melhor proposta será declarado vencedor e explorará o trajeto ferroviário por 45 anos. A fiscalização da movimentação dos comboios e a regulação de tarifa do frete serão de competência da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Mato Grosso (Ager).
Sem citar nome, Mauro Mendes revelou que um player nacional já sinalizou que tem interesse na construção e exploração da ferrovia. “Espero que surjam outros”, acrescentou o governador.
Para o prefeito de Lucas do Rio Verde, Miguel Vaz (Cidadania), a conquista da ferrovia, por sua cidade, “é muito importante”. Vaz observou que sua região, o Nortão, terá opção no transporte ferroviário, pois a mesma também será contemplada com os trilhos da Ferrogrão, que ligará Sinop a Miritituba (PA). “Além da concorrência entre elas (as ferrovias), que puxa o preço do frete para baixo, haverá alternativas para embarques das cargas nos portos do Arco Norte e em Santos”, resumiu.
O anúncio do chamamento público foi acompanhado com interesse pelo vice-governador Otaviano Pivetta; pelos três senadores; deputados federais Neri Geller (PP) e Nelson Barbudo (PSL); deputados estaduais Max Russi(PSB), presidente da Assembleia, Paulo Araújo (PP) e o líder do governo Dilmar Dal Bosco (DEM); dirigentes de entidades classistas a exemplo da Federação das Indústrias (Fiemt) e da Federação da Agricultura e Pecuária (Famato); e pelos prefeitos de Campo Verde, Primavera do Leste, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde.
SONHO – O trem apitando em Cuiabá é um antigo sonho cuiabano e foi defendido na Câmara dos Deputados na década de 1970, pelo então deputado Vicente Vuolo. Numa construção demorada, que se arrastou por mais de duas décadas, os trilhos ligaram Santos a Rondonópolis – aproveitando a malha ferroviária paulista já existente – num trajeto de 1.640 quilômetros, com terminais ferroviários em Mato Grosso nos municípios de Alto Taquari, Alto Araguaia, Itiquira e Rondonópolis.
Em Rondonópolis o trem apitou pela primeira vez em 19 de dezembro de 2012, mas a inauguração naquele município do maior terminar de cargas agrícolas do continente, pela então presidente Dilma Rousseff, aconteceu em 19 de setembro de 2013.
FERROGRÃO – Tanto a Ferrogrão quanto a ferrovia estadual deverão ser concluídos ao mesmo tempo. Ambas terão bitola larga ou irlandesa (1.600 mm), mas não serão interligadas. Entre elas haverá um trecho de 150 quilômetros no trajeto de Lucas do Rio Verde a Sinop. No plano de expansão da malha ferroviária nacional há uma janela pela conexão dos trilhos entre Miritituba e Santos; dele, também consta outro trem para Mato Grosso: a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), que inicialmente ligará Água Boa a Mara Rosa (GO) num trajeto de 283 quilômetros; a Fico deverá avançar rumo a Gaúcha do Norte, Lucas do Rio Verde e Vilhena em Rondônia. Quando todas essas obras forem concluídas o transporte de commodities agrícolas mato-grossenses será feito praticamente sobre trilhos e Lucas do Rio Verde será o maior entroncamento ferroviário nacional para cargas do agronegócio.
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